A dor do progresso - Camila Reis Peregrino

As epidemias já dizimaram diversas populações das mais distintas regiões da terra, devido à rapidez de disseminação que elas apresentam. A peste bubônica, a febre amarela, a gripe espanhola e, recentemente, a gripe suína são alguns exemplos de doenças que aterrorizaram a população, principalmente pela facilidade de contágio e pela falta de informações até então existentes. No entanto, apesar do grande número de mortes que os surtos de doenças geralmente provocam, ainda é
possível obter consequências positivas desse problema imposto à humanidade.

Não há nada mais eficiente que o medo e o pânico causados pela morte de milhares de pessoas, vítimas de uma nova doença, para unir as forças mundiais em prol da sobrevivência da própria humanidade. É dessa união desesperada que novos conhecimentos científicos e avanços tecnológicos são alcançados, os surtos epidêmicos são contidos e toda a sociedade é beneficiada.

Isso sem mencionar o fato de que, principalmente nos países subdesenvolvidos, onde a saúde pública enfrenta sérios problemas de descaso governamental, as autoridades são pressionadas a atentar para a necessidade de investimentos nesse setor, uma vez que grande parte da população depende de tais serviços e, em épocas de epidemias, passam a exigir tal direito.

As campanhas preventivas que se instalam nessas épocas também são extremamente benéficas para a vida em sociedade, pois, na maioria das vezes, a prevenção é principalmente a intensificação da higiene pessoal, o que ajuda a prevenir diversas outras doenças, contribuindo para a saúde da população.

Além disso, mais uma vez o homem é lembrado que, independente do sexo, da cor da pela e da classe social, ele encontra-se suscetível ao contágio de qualquer doença, sendo, portanto, a igualdade entre os seres humanos provada.

Sendo assim, apesar de toda dor e de todo desespero que inevitavelmente os surtos epidêmicos geram, é inegável o fato de que grande parte do progresso da humanidade só se tornou possível por meio deles. Infelizmente, o homem precisa de motivadores cruéis como a dor para unir esforços e lutar para o bem de toda uma sociedade.




SOBRE O AUTOR
Camila Reis Peregrino
Turma: 3.1 Ano: 2009
Camila foi monitora da Área de Humanas do Colégio. Seu texto foi selecionado para o Prêmio Gazeta de Limeira 2009.
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Um século de aprendizado - Laís Verzenhassi Toledo

O ano era de 1918 e havia milhares de corpos estendidos em lugares públicos. A morte se tornou tão comum naquele ano que cenas assim já não faziam parte da ficção, mas vistas diariamente.
Naquele ano, os rostos rosados de moças e rapazes tomavam estranha coloração e manchas apareciam em seus corpos febris; calafrios e desconforto os acompanhavam até o momento em que seus pulmões, cheios de fluidos, perdiam a capacidade de respirar e seus corpos se entregavam à morte. Morreu-se em corredores de hospitais, velou-se às pressas e enterrou-se em qualquer lugar.

A gripe espanhola deixou mais de 40 milhões de mortos e foi a mais devastadora pandemia já vista na história. O homem nada pôde fazer para vencer sua própria fragilidade diante da natureza.
Quase um século depois, a humanidade se deparou novamente com uma doença de semelhante capacidade letal: a gripe suína.Começou timidamente e logo já virou pandemia, espalhando o medo a toda população.
A mídia constantemente anunciava notícias sobre a gripe e todos sabiam quais eram os sintomas e principalmente como manter-se longe do contágio.

Apesar do pânico que as constantes informações, quase sempre negativas, sobre a pandemia causavam, a mídia teve papel fundamental no sentido de impedir que a doença tomasse proporções maiores, o que não ocorreu em 1918. Ao contrário, na época, os países omitiam a contaminação e não divulgavam informações para evitar que seus soldados fossem impedidos de lutar na Primeira Guerra.

A medicina, a ciência e a tecnologia também tiveram imensa participação nos rumos que a pandemia tomaria. Apesar de ser uma perigosa mutação do vírus da gripe e ser uma doença desconhecida, muitas foram as medidas tomadas para evitar mortes, e a gripe, quando tratada no início, não chegava a ser fatal.
Enfim, a gripe suína, após já ter atingido sua fase mais devastadora, parece estar sob controle e as perdas deixadas foram de 3200 mortos em todo o mundo.

Muito há o que lamentar pelas vidas que não foram salvas, mas também há o que aplaudir: o mundo soube reagir com inteligência diante de uma epidemia tão devastadora, 90 anos de avanços ajudaram a poupar milhares de vidas. Tais avanços devem, sim, ser aplaudidos, porém o maior aprendizado que a humanidade pôde levar não foi o sentimento de evolução em relação às décadas passadas e sim a certeza de que, apesar do elevado grau de desenvolvimento e tecnologia que obtivemos, ainda estamos restritos à condição humana, que é tão grande em suas conquistas e criações e ao mesmo tempo tão frágil diante das desventuras da mesma natureza que nos criou.




SOBRE O AUTOR
Laís Verzenhassi Toledo
Turma: 3.2 Ano: 2009
Laís foi monitora da Área de Humanas do Colégio. Seu texto foi escolhido como finalista do Prêmio Gazeta de Limeira 2009.




Premiação
no Teatro Vitória
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