Festa de Encerramento do Ano Letivo

Fotos da festa de encerramento do ano letivo, com a turma 2.3 (2009).


[ ... ]


Narrativa UNICAMP 2008 - Cláudia Maria Coleoni

Saí do consultório médico abalada. Minha mente divagava, passeando por aquele infindável corredor, esquivando-se, desajeitada, das barreiras que a vida acabara de me impor, tentando esquecer o que definitivamente faria parte de mim a partir daquele momento. Meus passos eram indefinidos e pareciam me levar a lugar algum. Aliás, desejei não ter de ir a lugar algum. Desejei estar sonhando. Desejei não existir, mas existia. E precisava lutar para continuar existindo.

Sentei-me num canto da sala de espera, isolada, com minha nova realidade em mãos, sem acreditar no que via. Reli em voz alta: “AIDS”. Aquela palavra fez o tempo parar, fez meu mundo desmoronar, fez-me querer fugir de mim mesma, correr para o passado, mudá-lo. Senti minha garganta apertar, o fôlego esvair. O som daquelas letras aos poucos foi me consumindo, impregnando meus pensamentos. “O que meus pais pensarão de mim? E os meus amigos? O que será de minha vida agora?”. As dúvidas pairavam e as incertezas crescentes me fizeram estremecer. Nunca temi tanto o amanhã como temi naquele dia.

O primeiro empecilho encontrava-se na minha própria casa. Ao chegar do médico, subi apressadamente as escadas em direção ao meu quarto. Bati a porta com força e pus-me a chorar, desolada. Meus pais subiram logo em seguida, aflitos, querendo saber o que acontecera. “Tenho AIDS, tá legal? A-I-D-S!”, gritei em meio aos meus soluços.

Não gostaria de ter ouvido o que ouvi de meu pai logo em seguida, mas foi inevitável. “Nossa filha é uma… promíscua?”. Minha mãe nada disse e, a partir daí, só ouvi choros e o inconformismo de meu pai, que não admitia tal situação, questionando-se da minha desatenção para com as informações sobre a AIDS, já tão difundidas. Como se não bastasse, meu pai pôs-se a reclamar dos gastos que teria com o tratamento da minha doença. Não seria fácil, disso eu bem sabia. Em meio a essa turbulência toda, sentia-me a vilã da história, assumindo o papel que deveria ser da AIDS. Meus pais não conseguiam encontrar nenhum outro culpado além de mim e isso me frustrava. Parte da pequena esperança que ainda habitava meu ser evaporou e se perdeu naquela atmosfera de insegurança que rapidamente se formou ao meu redor.

Se em casa não encontrei apoio, na universidade não foi diferente. Quando as pessoas se deparavam com minha decadente figura, não viam a mim, mas a um monstro. Eu era o HIV personificado, envolto por uma nuvem de preconceitos. Afastavam-se de mim como se um aperto de mão, um beijo, um abraço ou até mesmo um olhar fosse contagiante. Formulavam as mais diversas teorias de como eu havia adquirido o vírus, ridicularizando-me, atropelando meus sentimentos e minha fragilidade humana. Ninguém compreendia que o vírus era o transmissor e não eu. Era como se o mundo todo estivesse encoberto por uma camisinha que barrava a mim e não a doença; que me excluía ao invés de me incluir; que dava voz aos outros e não a mim; que me fazia desacreditar na possibilidade de reabilitação da minha saúde algum dia.

Caminhando de volta para casa, reparei no pôr-do-sol que se iniciava na linha do horizonte, lindo, imponente, único. Nunca o havia visto sob aquele ponto de vista… Deixei a luz penetrar minha vida sombria, impotente e vazia, trazendo uma mistura de certeza com traços singelos de paz e esperança ao meu ser. Subitamente, percebi: eu precisava mudar meu ponto de vista em relação a mim mesma. Enquanto me deixasse levar pelos comentários que as pessoas faziam, jamais mudaria meu mundo. Estava na hora de esquecer os preconceitos, iniciar meu processo de autoaceitação; acreditar que o sol nasceria mesmo em meio a minha maior escuridão; cultivar aquela luz; transcendê-la através do tempo, deixá-la colorir as páginas indefinidas do meu futuro, transformando pacientemente minha desesperança em fé e meu medo em esperança.
Amanheceu minha vida.


Veja aqui a Proposta de Redação UNICAMP 2008


SOBRE O AUTOR
Cláudia Maria Coleoni
Turma: 2.3 Ano: 2009
[ ... ]


Narrativa UNICAMP 2008 - Juliana Gobbi

Aquele cheiro de hospital nunca me reprimiu, mas naquele dia embrulhou meu estômago. Sentia a bile subindo a garganta. O som do tic-tac do relógio tornava a espera ainda mais longa. Fiquei mergulhada em pensamentos, em meu ato negligente que me rendera toda aquela preocupação.
Uma voz dissipou meus pensamentos, era o Doutor Danilo chamando pelo meu nome. Entramos no consultório, em silêncio absoluto.

- Eu sinto muito, mas os exames revelaram que a senhorita é soropositiva, disse ele.

Lágrimas escorriam pela minha face, um choro de desespero. Demorei alguns minutos para me acalmar, e então o doutor disse:

- Sei que é difícil, sinto muitíssimo mesmo. Mas o quanto antes começarmos com os medicamentos melhor vai ser o resultado. Eu vou lhe explicar como a sua doença funciona.

Só disse que sim, eu já sabia como a doença funcionava, afinal era uma enfermeira. Mas eu só não queria sair dali, a sala me protegia dos olhos preconceituosos das pessoas quando soubessem, era como uma armadura na qual queria viver para sempre. Queria acordar e descobrir que tudo era um sonho, que três meses antes não tivesse nenhum paciente com overdose, e que eu não tivesse me furado com a agulha que tinha sido usada para fazer-lhe punção.

Impossível, já estava infectada. A dor só crescia, o sentimento de culpa se agravava, chorei por noites e noites. Tentei ser forte, mas era pedir demais naquele momento. É tão difícil acordar,e saber que você tem AIDS e não pode fazer nada a respeito.

Eu me sentia deslocada da população, a ovelha negra que ninguém queria por perto. Perdi amigos, alguns familiares tiveram repulsa quando souberam, várias pessoas com quem me relacionei terminaram o relacionamento quando lhes contei sobre minha doença. O preconceito era grande demais, maior que minha dor por estar doente, era como minha doença, sem cura. E para piorar a minha situação, tive que sair do meu trabalho que tanto amava, por estar sempre em contato com pacientes enfermos, pela minha imunidade agora deficiente.

Teve um tempo em que entrei em depressão, tive vontade de morrer, não agüentava mais me privar de certas coisas, não agüentava mais aquele coquetel de remédios diários. Mas, para minha sorte, não fiquei sozinha, ainda havia pessoas bem informadas sobre minha doença que me deram todo o apoio. Não foi fácil superar, nem aceitar conviver com o preconceito, com a doença, com o meu descuido, mas consegui ter uma vida quase normal.

Voltei a fazer o que eu mais gostava: ajudar as pessoas, mas agora cuido do lado psicológico delas em uma clínica terapeuta, pessoas como eu, infectadas pelo vírus HIV, mostrando-lhes que nem tudo estava perdido e eu era um exemplo disso.


Veja aqui a Proposta de Redação UNICAMP 2008


SOBRE O AUTOR
Juliana Gobbi
Turma: 2.2 Ano: 2009
Juliana está cursando Enfermagem.
[ ... ]


Preconceito Sexual ou Convenção Social? - Alexandre Montesso Bonomi

"Há em nossa sociedade, desde a antiguidade até os dias atuais, o emprego da palavra "preconceito" em muitos de nossos conceitos sociais. Este é tema de diversas discussões que deveriam ser, de uma vez por todas, abolidas. Uma das mais violentas formas de preconceito é o que diz respeito à homossexualidade.

Não é novidade a tomada de convenções sociais por nossa sociedade, sendo elas atuais ou conservadas de tempos anteriores. Tomando o casamento como exemplo, quem foi que disse que o mais certo é casar-se e não morar apenas sob o mesmo teto? E quem o limitou para os heterossexuais? Decidido por um grupo limitado de pessoas e aceito pela sociedade em geral, este é apenas um exemplo que revela que não há sentido para o preconceito sexual, senão a convenção social, passando muitas vezes imperceptível no dia-a-dia.
Essas convenções fazem com que mantenhamos opiniões preconceituosas de épocas diferentes da nossa, e fazem também com que algumas delas se tornem completamente inaceitáveis. Somando-se a isso, é raro encontrarmos pessoas que mudariam essas opiniões conservadoras apenas com uma conversa ou campanha.

Valendo-se ainda dessas opiniões, existem nos dias atuais pessoas que evitam homossexuais, negam-lhes favores ou serviços e chegam a agredi-los física ou psicologicamente. Porém, ao contrário do que aconteceria com um heterossexual, não há proteção aos homossexuais e esses preconceitos chegam a ser debochados e logo esquecidos por aqueles que o fazem.
Desta maneira, os homossexuais sofrem preconceito de todos os tipos de uma sociedade que prega a liberdade de expressão e não consegue aceitá-los; de uma religião que prega o livre arbítrio, mas tenta impedi-los de uma vida; de uma política que prega a igualdade de direito a toda uma nação, mas não consegue incluí-los.
Essas pessoas, assim como qualquer outro ser humano, têm sentimentos e, com tais ações preconceituosas, podem sofrer de depressões e passar grande parte de suas vidas em completa tristeza.

Quem sabe se um dia encontrarmos o porquê de muitas de nossas ações e repudiarmos aquelas que são nocivas a qualquer pessoa, poderemos viver em um mundo mais consciente e, por consequência, um mundo sem preconceitos, sejam eles sexuais, raciais ou religiosos."


Veja aqui a Proposta de Redação sobre Homossexualidade


SOBRE O AUTOR
Alexandre Montesso Bonomi
Turma: 3.2 Ano: 2009
Alexandre cursou Informática - Blog do Alexandre
[ ... ]


Preconceito: um problema sem solução! - Caroliny Evangelista

No decorrer dos séculos, muitas mudanças acontecem em nossa sociedade: os valores sociais vão se transformando e situações inesperadas surgem constantemente, mudando até mesmo os princípios morais em vigor.

Como exemplo, podemos citar a homossexualidade, que desde o século XIX é considerada uma das causas de mudanças dos valores morais da humanidade. Os homossexuais chegaram a ser considerados portadores de anomalia ou mesmo criminosos nos séculos passados, e o preconceito permanece até os dias atuais.

A Igreja Católica, desde o seu princípio, exerce excessiva influência sobre a sociedade. Para os homossexuais, ela sempre foi uma grande barreira, pois impede a realização da união civil entre eles. A Igreja justifica essa atitude com a afirmação de que se houvesse a liberação desse tipo de matrimônio, ela afetaria os valores morais da humanidade e isso seria um ato indevido.
Como resultado dessa influência da Igreja na forma de pensar das pessoas e também na política dos países, antigamente os homossexuais eram quase invisíveis na sociedade, por não demonstrarem muito a sua opção sexual, devido ao medo do julgamento das pessoas e de serem condenados pela sua nação. Na Alemanha, por exemplo, foram tratados da mesma forma que judeus e na Inglaterra acabavam muitas vezes sendo enforcados.

E esse preconceito expressado na religião, também ocorre no mercado de trabalho, o qual ainda não se adaptou totalmente à inclusão dos homossexuais. As oportunidades de emprego para eles continuam escassas e o preconceito que sofrem para a contratação é igualado ao que é dirigido a negros e deficientes físicos e mentais. Muitas vezes, aqueles que conseguem uma vaga são excluídos e descriminados pelos colaboradores das empresas, aumentando ainda mais a dificuldade e a barreira enfrentada por eles para trabalhar.

Sabemos que esse preconceito vem diminuindo, porém ainda existe em demasia. Se houvesse um maior respeito em relação à opção sexual de cada um e a conscientização das pessoas sobre a liberdade de escolha, ou seja, o livre arbítrio e sobre o direito de uma vida privada, esse grande problema que é o preconceito e tantos outros seriam amenizados e desse modo a convivência entre as pessoas seria melhor e talvez o sonho de uma sociedade que respeite as diferenças poderia se tornar realidade. Mas será que algum dia isso se concretizará?


Veja aqui a Proposta de Redação sobre Homossexualidade


SOBRE O AUTOR
Caroliny Evangelista
Turma: 3.1 Ano: 2009
[ ... ]


Respeito Legal - Aline Prata

Igualdade Social. Este vem sendo o objetivo que une e move uma grande massa composta por todos os sexos, etnias, condições sociais e – por que não? – opções sexuais ao redor do mundo.

A nossa sociedade sempre pregou ideais contra qualquer tipo de preconceito. Motes como “liberdade de escolha”, “direitos iguais para todos” foram bradados aos quatro ventos. Porém, ao trazê-los para nossa realidade cotidiana, notamos quanta hipocrisia essas falas escondem; principalmente no que diz respeito à homossexualidade. Prova disso é o próprio código penal, no qual existe um artigo que torna crime discriminações por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil na hora da contratação de funcionários; mas ainda não faz menção à opção sexual.

Devemos levar em consideração que as leis nada mais são que um reflexo das demandas da própria sociedade, a qual, apesar de vir evoluindo ao longo dos anos, mostra-se em sua maioria, indiferente a essa luta, ignorando e/ou negligenciando o fato de que os homossexuais são um grupo crescente que também faz parte da nossa sociedade e cujos direitos devem ser assegurados por lei, como os de qualquer outro grupo.
Em uma sociedade dita “democrática”, é preciso uma postura ativista de todos para garantir a igualdade dos direitos e deveres de cada um. Sem isso, continuaremos a notar o desequilíbrio e o desrespeito na interação e no comportamento social de nossos cidadãos.


Veja aqui a Proposta de Redação sobre Homossexualidade


SOBRE O AUTOR
Aline Prata
Turma: 3.3 Ano: 2009
Aline cursou Geomática - Blog da Aline
[ ... ]