O final de semana havia sido maravilhoso, a festa com toda a família no domingo à noite encerrou o feriado com todos os pratos pesados possíveis: pizza, macarrão, lasanha etc. Era de se esperar que tudo aquilo tivesse que sair.
- Júlio, vá dormir, querido, você tem aula amanhã! – avisou minha mãe.
Acabei o meu último pedaço de pizza e fui direto pra cama.
No dia seguinte, primeiro dia letivo do 9º ano, acordei como se tivesse dormido cedo, a ansiedade e a alegria de reencontrar os amigos me mantinham acordado. Como era de costume, minha mãe me deixou na porta da escola. Aproveitei a meia hora antes da primeira aula da melhor maneira possível, colocando todas as novidades das férias em dia com o pessoal.
O sinal bateu. Entrei na sala de aula e procurei a cadeira em que costumava me sentar desde o 6º ano: fileira do meio, no meio da fileira. Quase ao mesmo tempo que os alunos, entrou o novo professor, de física, o professor com fama de mau e detentor do respeito de todos os alunos da escola.
- Não acredito que caímos com esse professor, ainda mais na primeira aula da semana. – sussurrou Betina.
- Ele não deve ser tão ruim quanto dizem. – opinou Zeca.
- Silêncio!!! – ordenou o professor A. Nosliw.
- Esquece – disse Zeca.
O professor começou a aula, nem se apresentou, preferiu que conhecêssemos outra “pessoa”, a cinemática.
Já estávamos na metade da primeira das duas aulas de física quando aquele maldito último pedaço de pizza, aquele que eu insisti em terminar, decidiu que precisava sair de qualquer jeito. Decidi agüentar, mas não conseguia. Fechei os olhos por um momento: a dor parecia mais forte. Quando abri os olhos, vi Maria saindo da classe.
- Não acredito, ele deixou a Maria sair? – perguntei a Zeca.
- É, corajosa essa Maria, acho que ele deixa sair a primeira pessoa que pede pela coragem. – brincou Zeca.
Não agüentava mais: a dor era mais insuportável que qualquer bronca que eu viesse a levar, que qualquer banheiro sujo da escola que eu tivesse que usar.
- Sr. Nosliw, posso ir ao banheiro?
- Tem gente lá fora.
- Eu sei, mas e quando ela voltar?
- Ah, não.
- Mas Sr. Nos...
- Chega.
Já estávamos no final da primeira aula, Maria havia voltado e o professor insistia em falar da cinemática enquanto eu suava frio na carteira usando todas as minhas forças para controlar o monstro dentro de mim. Me levantei, caminhei até o Sr. Nosliw e simplesmente falei a verdade:
- Sr. Nosliw, eu realmente preciso ir ao banheiro, é uma emergência.
Ele se curvou e fez um sinal para eu chegar mais perto e me respondeu:
- Então chame os bombeiros.
Nem pude implorar; precisei voltar à carteira, já que era mais fácil agüentar a dor sentado do que em pé. O professor não pensou duas vezes antes de voltar a falar. Me coloquei a pensar em uma maneira de sair, talvez correndo que nem louco... não. Até abrir a porta, o Sr. Nosliw já teria me segurado. Que tal gritar um palavrão na sala de aula para que ele me mandasse para fora? Com o Sr. Nosliw não ficaria só por isso, ele acabaria comigo pelo resto do ano e não me mandaria apenas para fora, com certeza ganharia uma suspensão de uns três dias.
Pensar e segurar aquela dor não era possível. Só de parar aqueles cinco minutos para pensar, a dor tinha ganhado uma enorme vantagem sobre mim. Precisava sair naquele instante. Levantei a mão; o professor foi mais rápido.
- Pare com isso, garoto, parece que está quase cagando nas calças!
- Mas eu pr...
- Essa nova geração não agüenta nem duas míseras aulas, qualquer copinho de água que tomam antes de entrar na sala já é desculpa para sair! Na minha época, nós não tínhamos nem coragem de pedir uma coisa dessas para o professor.
- Professor.
- Vá, vá logo.
- Deixa pra lá, não preciso mais sair.
- Júlio, vá dormir, querido, você tem aula amanhã! – avisou minha mãe.
Acabei o meu último pedaço de pizza e fui direto pra cama.
No dia seguinte, primeiro dia letivo do 9º ano, acordei como se tivesse dormido cedo, a ansiedade e a alegria de reencontrar os amigos me mantinham acordado. Como era de costume, minha mãe me deixou na porta da escola. Aproveitei a meia hora antes da primeira aula da melhor maneira possível, colocando todas as novidades das férias em dia com o pessoal.
O sinal bateu. Entrei na sala de aula e procurei a cadeira em que costumava me sentar desde o 6º ano: fileira do meio, no meio da fileira. Quase ao mesmo tempo que os alunos, entrou o novo professor, de física, o professor com fama de mau e detentor do respeito de todos os alunos da escola.
- Não acredito que caímos com esse professor, ainda mais na primeira aula da semana. – sussurrou Betina.
- Ele não deve ser tão ruim quanto dizem. – opinou Zeca.
- Silêncio!!! – ordenou o professor A. Nosliw.
- Esquece – disse Zeca.
O professor começou a aula, nem se apresentou, preferiu que conhecêssemos outra “pessoa”, a cinemática.
Já estávamos na metade da primeira das duas aulas de física quando aquele maldito último pedaço de pizza, aquele que eu insisti em terminar, decidiu que precisava sair de qualquer jeito. Decidi agüentar, mas não conseguia. Fechei os olhos por um momento: a dor parecia mais forte. Quando abri os olhos, vi Maria saindo da classe.
- Não acredito, ele deixou a Maria sair? – perguntei a Zeca.
- É, corajosa essa Maria, acho que ele deixa sair a primeira pessoa que pede pela coragem. – brincou Zeca.
Não agüentava mais: a dor era mais insuportável que qualquer bronca que eu viesse a levar, que qualquer banheiro sujo da escola que eu tivesse que usar.
- Sr. Nosliw, posso ir ao banheiro?
- Tem gente lá fora.
- Eu sei, mas e quando ela voltar?
- Ah, não.
- Mas Sr. Nos...
- Chega.
Já estávamos no final da primeira aula, Maria havia voltado e o professor insistia em falar da cinemática enquanto eu suava frio na carteira usando todas as minhas forças para controlar o monstro dentro de mim. Me levantei, caminhei até o Sr. Nosliw e simplesmente falei a verdade:
- Sr. Nosliw, eu realmente preciso ir ao banheiro, é uma emergência.
Ele se curvou e fez um sinal para eu chegar mais perto e me respondeu:
- Então chame os bombeiros.
Nem pude implorar; precisei voltar à carteira, já que era mais fácil agüentar a dor sentado do que em pé. O professor não pensou duas vezes antes de voltar a falar. Me coloquei a pensar em uma maneira de sair, talvez correndo que nem louco... não. Até abrir a porta, o Sr. Nosliw já teria me segurado. Que tal gritar um palavrão na sala de aula para que ele me mandasse para fora? Com o Sr. Nosliw não ficaria só por isso, ele acabaria comigo pelo resto do ano e não me mandaria apenas para fora, com certeza ganharia uma suspensão de uns três dias.
Pensar e segurar aquela dor não era possível. Só de parar aqueles cinco minutos para pensar, a dor tinha ganhado uma enorme vantagem sobre mim. Precisava sair naquele instante. Levantei a mão; o professor foi mais rápido.
- Pare com isso, garoto, parece que está quase cagando nas calças!
- Mas eu pr...
- Essa nova geração não agüenta nem duas míseras aulas, qualquer copinho de água que tomam antes de entrar na sala já é desculpa para sair! Na minha época, nós não tínhamos nem coragem de pedir uma coisa dessas para o professor.
- Professor.
- Vá, vá logo.
- Deixa pra lá, não preciso mais sair.
SOBRE O AUTOR Gustavo Alexandre Crosgnac Fracalossi Turma: 2.1 Ano: 2009 Gustavo cursou Construção Civil, e produziu a arte do blog. |
RIALTO Gostei (:
ResponderExcluirEsse final é muito bom ;D
ResponderExcluircurtii ;D
ResponderExcluirMuito bom
ResponderExcluirasdjioajosd Muito legal cara^^ curti pra caramba xD
ResponderExcluirai parceiro esta bem?
ResponderExcluirQue bacana seu texto, cara... merece realmente parabéns... Espero que continue escrevendo e postando mais textos... Sucesso para você, seus colegas e professores... Ótimo 2010 para todos!
ResponderExcluirAdorei o seu texto, muito bom!E pensar que isso pode realmente acontecer na vida real.Um abraço Doralice Caires dos Santos
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